– Atenção! – ordenou Merlin.
Melchior voltou os olhos, observando a poeira a dançar na luz. A sua visão parecia invulgarmente apurada, uma vez que imaginava conseguir realmente concentrar-se em cada uma das partículas. Centenas, milhares, depois centenas de milhar delas mantinham-se na sua mente, enquanto formavam e voltavam a formar padrões exóticos, imagens fantasmagóricas que flutuavam no ar apenas para se dissolverem e renascerem outra vez.
-O que vês? – murmurou Merlin muito próximo do ouvido de Melchior. Melchior abriu a boca para responder, mas não conseguiu.
– Optimo! Uma pessoa deve ficar aparvalhada ao ver a realidade pela primeira vez… os mundos indo e vindo como poeira num raio de sol. O que é o conhecimento do feiticieiro além disso? Oh, céus, a minha mensagem.
Subitamente, Merlin afastou Melchior para o lado com um rude empurrão. Antes de conseguir pensar, o aprendiz ouviu uma queda. Uma retorta de vidro fora feita em pedaços e, quando olhou com mais atenção, viu que a causa fora um dardo grosso de um arco.
– Aquela seta estava-te destinada – comentou Merlin calmamente. – Não te teria matado, mas quis poupar-te a dor.
Melchior conseguiu mmurmurar um rápido agradecimento antes de o mestre bater as palmas. Sem mais, o aprendiz desapareceu. No seu lugar estava um pequeno falcão. Merlin atou apressadamente a mensagem à pata da ava e levou-a para a janela.
Contorcendo-se, o pequeno falcão soltou um pio e mordeu o feiticeiro na parte carnuda do polegar fazendo sangue.
– Eu sei que não te disse o bastante – desculpou-se Merlin -, mas terás de viver este drama em especial.
Com um salto atirou a ave para o ar.
– Vai ter com o rei!
O falcão precisou de um segundo para se equilibrar e, em seguida, mais rápido que o pensamento, dirigiu-se como uma bala na direcção da janela aberta onde Arthur estava sentado.
Um romance misterioso, que nos transporta repetidamente entre os tempos imemoriais de Camelot e os nossos tempos, numa teia de eventos que apenas muito tarde conseguimos perceber, quando finalmente percebemos que o tempo é isso mesmo, uma teia.
Neste romance Deepak Chopra vai tão longe como na maioria dos seus livros, libertando um pouco mais a nossa mente das pequenas teias que nos amarram não apenas ao presente mas especialmente ao passado, lembrando-nos que o passado e o futuro não são as únicas variantes que o tempo tem para nos apresentar.
Nunca a lenda se cruzou tanto com os nossos dias e com as nossas mentes. E nunca a lenda deixou tanta esperança que …
…o amor, a confiança, a empatia e a plena consciência suplantarão um dia o ódio, o medo e a ignorância.”
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