Time Enough for Love, (tempo suficiente para amar) é um clássico de ficção cientifica da autoria de Robert Heinlein, publicado pela primeira vez em 1973. Nele Lazarus Long conta a sua história de mais de dois milénios.
Ambos ensinávamos escola, dentro e fora de casa. Talvez os nossos miúdos tenham tido uma educação estranha… mas uma rapariga que consegue moldar uma sela confortável e vistosa a partir de uma mula morta e pouco mais, resolve equações quadráticas de cabeça, dispara certeira com pistola e arco, cozinha uma omelete que é leve e saborosa, recita página atrás de página de Shakespeare, mata um leitão ou cura-o não pode ser chama de ignorante pelo padrões de Novos Inícios. Todas as nossas raparigas e rapazes conseguiam fazer isso e muito mais. Devo admitir que eles falavam uma versão um quanto florida do inglês, especialmente depois deles terem criado o Novo Teatro Globo e trabalhado todas as obras do velho Bill de ponta a ponta. Sem dúvida que isto lhes deu algumas noções singulares da história e cultura da velha Terra, mas eu não consigo ver que isso os tenha prejudicado. Nós apenas tínhamos uns poucos livros, a maioria deles referência; a singular dúzia de livros “divertidos” foram utilizados até à morte.
Os nosso miúdos não viam nada de estranho em aprenderem a ler de As you like it. Ninguém lhes disse que era muito difícil para eles, e eles devoraram-no, encontrando “línguas em árvores, livros nos ribeiros que correm, sermões em pedras, e bem em todas as coisas.”
Apesar de soar estranho ouvir uma rapariga de cinco anos falar em estrofes e polissílabos a caírem graciosamente dos seus lábios. No entanto, ainda prefiro isso a “Corre, Pintado, corre. Vê o Pintado a correr” de uma era posterior à do Bill.
É desta forma que Lazarus descreve a educação dos seus filhos com Dora, “a única mulher que alguma vez amei sem reservas“. Nos seus mais de dois mil anos ele amou muitas mulheres, especialmente porque uma vez que se atinge a imortalidade (e se viver mais de dois mil anos não se qualifica como imortalidade eu não sei o que é que se qualifica), até que a morte nos separe deixa de ser um conceito.
Dois mil anos é tempo suficiente para viver múltiplas vidas, e apenas isso torna possível continuar – planetas diferentes, pessoas diferentes, condições diferentes. Da vida dura de pioneiro a construir as primeiras aldeias num planeta recém terra-formado até à vida luxuosa dos planetas mais desenvolvidos – dois mil anos dá tempo para quase tudo – até, talvez, educar o teu próprio clone feminino ou… bem, em Tempo Suficiente para Amar, Heinlein mostra-nos quão longe ele nos consegue levar com a estória de um imortal.
No Comments