Passadas duas semanas era ela: «Querido, sou eu. Deixei ficar o carregador no norte e tenho tido imenso que fazer. Não estás zangado com o bebé, pois não?» Eu não consegui dizer nada, não tinha nada para dizer, doía-me demasiado. E ela continuou. «Está tudo aqui a falar ao mesmo tempo. Posso falar mais tarde? Então até já, amor.» Nunca mais falou.
Era assim que em 1999 Pedro Paixão terminava um dos seus contos. Não sei porque é um escritor que gosto de ler, para perceber como escrevo bem.
É que apesar de tudo, normalmente as pessoas conseguem perceber o que escrevo. Este gajo é professor catedrático, mas 90% das vezes eu ficaria horas a tentar perceber o que ele quer dizer, e onde quer chegar com as porras que escreve.
E ó despois os fins são sempre assim. O gajo deve ter um problema qualquer com mulheres. Parece que todas o abandonam.
O livro tem o mesmo nome do conto, Amor Portátil, e foi editado em 1999 pela Editora Cotovia.
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