Á chuva para a Cabana

October 23, 2010

Á pagina tantas, escreve o autor:

Ele corria veloz, seguindo em direcção à cabana, não gostava da chuva. Ela avançava mais devagar, enquanto ia apanhando uma molhada de miosótis e campainhas, corria de em quando e ficava a vê-lo fugir dela.

Quando chegou à cabana com as flores, ofegante, ele já tinha acendido a lareira e os ramos delgados crepitavam. Os seios pontiaguados erguiam-se e baixavam. Tinha o cabelo colado, o rosto congestionado e o corpo brilhava e gotejava. Com os olhos muito abertos, e sem fôlego, a cabeça pequena molhada, as ancas maciças, a pingar, cândidas, parecia outra pessoa.

Ele pegou num velho lençol e pôs-se a enxugá-la. Ela não se mexia, parecia uma criança. Depois enxugou-se e fechou a porta. Da lareira irrompiam chamas. ela envolveu a cabeça numa ponta do lençol e limpou o cabelo molhado.

Poderia ser o inicio de uma cena escaldande num qualquer romance, mas na realidade trata-se de um clássico.

Um clássico que tenho que reler, pois admito, apesar de me lembrar da história na sua generalidade, existem muito pormenores que já me escaparam.

Afinal de contas já lá vão muitos anos.

E então, já adivinharam de que clássico se trata? Ainda não?

Posso adiantar-vos que o autor é o consagrado D.H. Lawrence…

Sim, isso mesmo O amante de Lady Chatterley.

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